Conteúdos > Notícias

Produzir, Conservar e Incluir – PCI

Publicado em 20 de Outubro de 2016
Durante a COP 21, que reuniu representantes de 195 países em Paris no final de 2015, o governo de Mato Grosso se comprometeu em reduzir o desmatamento ilegal a zero até o ano de 2020 e também em realizar ações para conter o aquecimento global. Para tanto, foi instituída a estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI). Em março de 2016, foi implantado o Comitê Estadual da Estratégia PCI, para acompanhar o cumprimento das metas apresentadas na COP 21. Ao todo, integram a comissão sete secretarias estaduais e 14 instituições como membros convidados, entre eles, empresas privadas, sociedade civil organizada, Ministério Público Estadual e Federal.

“A SEDEC ficou responsável pelo eixo produzir e no que tange a floresta há duas metas a serem alcançadas até 2030: 1- aumentar a área de Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) passar de 2,8 para 6 milhões de hectares; 2- aumentar a produção agregando valor, produzir mais desde que tenha mercado”, explicou Alexandre Possebon.

Dentro dessa estratégia do PCI, o setor florestal quer apostar nas novas tecnologias voltadas para o uso da madeira na construção civil como uma forma de combater o aquecimento global, pois sabe-se que “o lixo sólido das grandes cidades é resíduo de construção civil e o consumo de energia elétrica para fazer alumínio ou mesmo o aço é imenso, o impacto para colocar os cidadãos em moradias decentes é enorme, além disso, ainda há o desperdício no momento de construir, uma vez que se descarta muito material no processo”, explica Ricardo Russo.

Hoje, no mercado, entre várias tecnologias lançadas, há a técnica de construção wood frame, que são painéis de madeiras feitos com enchimentos, muito usada por empreendedores que se preocupam com o meio ambiente. Países como Estados Unidos, Canadá e na Europa, usam bastante essa técnica. A Suécia usa a técnica wood frame em 100% das moradias. No Brasil, uma forma de incentivar o uso da madeira na construção civil seria incluí-la nos Editais de Licitações de Obras Públicas, é uma decisão importante para incentivar a produção sustentável e fomentar o setor no próprio estado.

No Paraná, a empresa Tecverde aposta na sustentabilidade, inovação e eficiência quando o assunto é construção civil. Segundo a empresa, a sustentabilidade é mais uma variável do negócio que bem gerenciada, traz vantagens competitivas para o mercado da construção civil, como a redução de custos com a matéria prima, logística, aumento nos níveis de qualidade de vida da mão de obra e mais qualidade no entorno das habitações.

De acordo com uma pesquisa feita pela Tecverde o uso da madeira na construção civil incorpora cinco vezes menos energia do que uma construção em aço, gera duas vezes menos resíduos, polui duas vezes menos o ar, nove vezes menos a água, emite quase seis vezes menos gases que contribuem com o efeito estufa.

Um dos grandes preconceitos quanto ao uso da madeira em construção é um suposto risco de incêndio. Porém, estudos realizados pelo Campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) comprovam que a madeira começa a queimar a partir de 800ºC, o carvão produzido na queima isola a peça, fazendo a queima reduzir sua velocidade e em função da bitola da viga é possível calcular o tempo de fuga. Além disso, a estrutura de madeira, ao contrário do concreto, não derrete e não colapsa repentinamente.

Grandes obras também podem ser feitas com esses sistemas construtivos, seja com madeira laminada colada (MLC), seja wood frame, para ficar com os sistemas disponíveis em escala no Brasil. De acordo com os cálculos estruturais feitos por engenheiros, a partir do uso da madeira com tecnologia wood frame, pode-se construir prédios de mais 20 andares e MLC permite grandes vãos e balanços equivalentes ao concreto armado.

Tanto o CIPEM quanto o WWF-Brasil sugeriram que se faça estudos de colagem e corte das espécies de madeira branca, que atualmente ficam nas florestas nos Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), devido ao baixo valor comercial.

“Um próximo passo seria visitar, por exemplo, o município de São Carlos/SP, que é um importante centro tecnológico e propor convênios para testes e, posteriormente, visitar indústrias que fabricam esses painéis de madeira no Paraná e em São Paulo. Outra ação importante é Mato Grosso sediar um congresso e trazer empresários para dialogar e identificar possíveis investidores”, sugeriu Ricardo Russo.

Ao final da reunião, Alexandre Possebon solicitou um projeto que englobe a proposta da plataforma de madeira beneficiada colada para ser usada na construção civil, juntamente com a proposto de um novo produto arquitetônico utilizando a madeira curta. Além disso, disponibilizou o executivo do PCI, Fernando de Mesquita Sampaio, para apoiar o setor nesse processo e o governo do Estado para ser parceiro de dessa iniciativa.

Também participaram da reunião, Juarez Pereira de Faria (SEDEC), Valdinei Bento dos Santos (CIPEM).