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Mato Grosso e a Indústria Florestal do Futuro

Publicado em 26 de Novembro de 2016
O X Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais, foi realizado de 24 a 28 de outubro, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, com o tema “SAF: aprendizados, desafios e perspectivas”, que faz alusão comemorativa aos 20 anos de realização desse evento no país, bem como uma referência aos mais de 15 anos de trabalho da Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais.
O CIPEM foi um dos parceiros desse grande evento, e aproveitou a ocasião, para fazer o lançamento do vídeo institucional que destaca a produção florestal de Mato Grosso, com madeira nativa, que representa a base da economia de 44 cidades do estado. São mais de 3.500 empresas florestais (colheita, industrialização e comércio) sendo que destas 1.600 são indústrias.
No estande, os visitantes puderam conhecer mais sobre o setor florestal de Mato Grosso e o Manejo Florestal Sustentável, assistiram a vídeos e tiveram contato com mudas de várias espécies distribuídas pelo Instituto Ação Verde.



Porque usar madeira na construção civil?
Na programação do dia 25 de outubro, a palestra satélite I, de responsabilidade do CIPEM, contou com o importante apoio do parceiro Ricardo Russo, analista sênior do Instituto WWF-Brasil, que proferiu a palestra “Mato Grosso e a Indústria do Futuro”
Russo falou sobre a importância do manejo florestal sustentável, principalmente, quando se traça um paralelo com as questões ambientais. Diante dessa realidade, ele trouxe informações importantes sobre as inovações no uso da madeira na construção civil, que alia o uso sustentável da floresta, qualidade de vida, proteção do meio ambiente e as várias possibilidades de design e estética no uso da madeira.
O setor florestal de Mato Grosso tem um diferencial por já apostar em novas tecnologias voltadas para o uso da madeira na construção civil, que é uma das formas de se combater o aquecimento global.

Segundo dados do WWF-Brasil, o setor da construção civil é responsável por cerca de 47% da emissão de gases de efeitos estufa do mundo e, por isso, seus atores devem adotar medidas que diminuam esse índice. “A madeira é um material renovável, sustentável, diminui a quantidade de gases de efeitos estufa no ar e também é resistente, podendo ser reutilizada de diversas maneiras”, explica Russo.
“É fato que o lixo sólido das grandes cidades é resíduo da construção civil e o consumo de energia elétrica para fazer alumínio e aço é imenso. O impacto para colocar os cidadãos em moradias decentes é enorme, além disso, há o desperdício no momento de construir, uma vez que se descarta muito material durante o processo”, analisa Russo.

A construção civil brasileira precisa seguir a tendência mundial, que aponta para a sustentabilidade, e começar a adotar matéria-prima renovável, que tenha um uso mais eficiente dos recursos viáveis, que resolva mais facilmente a questão dos resíduos tóxicos e que possa reduzir a emissão do gás carbônico.
E o estado de Mato Grosso possui um grande potencial. A indústria florestal é forte e empreendedora com base no manejo de florestas nativas. O setor florestal do estado tem o compromisso de fortalecer o setor com responsabilidade, manter a floresta em pé e contribuir com o meio ambiente.

De acordo com uma pesquisa feita pela Tecverde, empresa parceira do WWF-Brasil, o uso da madeira na construção civil incorpora cinco vezes menos energia do que uma construção em aço, gera duas vezes menos resíduos, polui duas vezes menos o ar, nove vezes menos a água, emite quase seis vezes menos gases que contribuem com o efeito estufa.

Russo apontou que, hoje, no mercado, entre várias tecnologias lançadas, há a técnica de construção wood frame, que são painéis de madeiras feitos com enchimentos, muito usada por empreendedores que se preocupam com o meio ambiente. Países como Estados Unidos, Canadá e na Europa, usam bastante essa técnica.

Grandes obras também podem ser feitas com esses sistemas construtivos, seja com madeira laminada colada (MLC), seja wood frame, para ficar com os sistemas disponíveis em escala no Brasil. De acordo com os cálculos estruturais feitos por engenheiros, a partir do uso da madeira com tecnologia wood frame, pode-se construir prédios de mais 20 andares e MLC permite grandes vãos e balanços equivalentes ao concreto armado.

No Brasil, uma forma de incentivar o uso da madeira na construção civil seria incluí-la nos Editais de Licitações de Obras Públicas, é uma decisão importante para incentivar a produção sustentável e fomentar o setor no próprio estado.