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Estudo comprova ampla ocorrência do Ipê nas florestas do Brasil

Dados de 2019 indicam que Mato Grosso registrou 17,6 mi de hectares em áreas passíveis de manejo dos 25 milhões de hectares de Floresta Amazônica no Estado

Publicado em 20 de Setembro de 2022
Fonte: Embrapa Florestas

Extenso estudo, realizado em áreas florestais sob manejo sustentável nos estados do Acre e de Mato Grosso, mapeou mais de 40 milhões de árvores adultas das espécies Handroanthus serratifolius (ipê amarelo) e Handroanthus impetiginosus (ipê roxo). A ampla incidência registrada mostra que os ipês estão protegidos de extinção e ressalta a importância do manejo sustentável das florestas.

Segundo os pesquisadores envolvidos, esse total mapeado não considerou árvores jovens, arvoretas e banco de plântulas. “Considerando a população, área de ocorrência, crescimento e estrutura (do passado e atual), capacidade de suporte e estoque das florestas naturais sob manejo, maturidade reprodutiva, entre outros fatores, entendemos que as duas espécies não se encontram em condição vulnerável”, afirma o pesquisador Evaldo Muñoz Braz, da Embrapa Florestas (PR).

Os resultados estão apresentados na publicação “Ocorrência e crescimento de Handroanthus spp. na Amazônia, nos estados de Mato Grosso e Acre, como subsídio para a elaboração de normativas de manejo florestal e avaliação de risco de extinção”. A obra traz dados e informações fundamentais que colaboram em recentes debates no setor florestal sobre a inserção dos ipês na lista de espécies da flora ameaçadas de extinção.

Clique aqui e confira o estudo na íntegra.

Durante o ano de 2020, os pesquisadores estiveram em campo em áreas de florestas nativas remanescentes, localizadas no Acre e em Mato Grosso, onde já desenvolvem outros projetos de pesquisa sobre manejo florestal sustentável, com o objetivo de levantar a atual situação de ocorrência e crescimento do ipê.

Em Mato Grosso, dados de 2019 registram 17,6 milhões de ha em áreas passíveis de manejo dos 25 milhões de ha de Floresta Amazônica no Estado e com áreas protegidas em mais 8 milhões de ha em reservas indígenas e Unidades de Conservação de Proteção Integral.

A metodologia utilizada para a realização desse trabalho envolve cruzamento e estudo de diferentes informações e pesquisas de campo. Os cientistas reuniram diversos bancos de dados florestais e da literatura especializada, buscando abranger, de forma representativa, todas as subtipologias do bioma Amazônia presentes no Acre e no Mato Grosso e identificar sua ocorrência.

O conjunto de dados foi composto por inventários florestais de Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) aprovados e fornecidos pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac-AC) e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT).

Entre os inventários, estavam os do tipo “censo”, que incluem os dados de todas as árvores com diâmetro à altura do peito (DAP) maior que 35 cm. Nessa categoria, foram registradas mais de 20 mil árvores de Handroanthus spp. em uma área de aproximadamente 100 mil ha inventariados.

Outra parte do trabalho analisou dados de crescimento das espécies, por meio do estudo dos anéis de crescimento dos ipês das áreas amostradas. Com a informação da maturidade reprodutiva das espécies, obtida em literatura científica, foi possível avaliar que o ciclo reprodutivo das árvores sob MFS está assegurado, garantindo a conservação da floresta.

Manejo sustentável deixa a floresta em pé

A madeira é um produto altamente sustentável, sendo, sob normas de manejo, um bem renovável. A floresta sob manejo, além de sustentável do ponto de vista ambiental, gera renda e sequestra carbono. No trabalho científico, também foram simuladas cenários de manejo nas diferentes tipologias, e sob diferentes condições de extração, evidenciando a sua sustentabilidade.

O CIPEM
De acordo com Rafael Mason, presidente do Cipem: “enquanto entidade representativa do setor de base florestal, o Cipem defende que a ampliação das pesquisas científicas em torno do Manejo Florestal contribui diretamente para a continuidade e aprimoramento da atividade, com respeito à legislação vigente. Dessa forma, por entender que o aprofundamento no tema também traz contribuições na desconstrução de conceitos errôneos preestabelecidos, o Cipem reitera seu compromisso com a floresta nativa e com a produção científica de conteúdo sobre o bioma Amazônico por meio de parcerias sólidas com instituições de pesquisa”.

Confira também o artigo do CIPEM sobre o Manejo Florestal Sustentável do Ipê.

Foto: Fabio Thaines

Foto: Fabio Thaines